Fomos caminhando até o lugar em que eu havia estacionado o
carro. Tentei quebrar o clima de tensão e perguntei como foi a viagem.
-Correu tudo bem. – disse o pai de {s.n.} friamente
Olhei de lado para {s.n} e ela revirou os
olhos incrédulos.
Peguei a chave do carro e destravei as portas. Ajudei a colocar as malas no
porta-malas e abri educadamente a porta do passageiro para os pais de {s.n.}.
Entrei no carro e iniciei a partida.
Já era quase meio-dia, mas as ruas ainda
estavam vazias. As pessoas deveriam estar ocupadas demais preparando a ceia de
Natal para essa noite.
Tentei quebrar o silêncio, mas minha voz
falhou. Eu estava tenso demais com a presença dos pais de {s.n.}.
Parei no farol vermelho e olhei para {s.n.}.
Seu rosto estava pensativo. Fiquei
preocupado e esqueci-me da presença de seus pais. Peguei sua mão e a acariciei.
{S.n.} me olhou e afastou sua mão da minha levemente. Percebi que ela notará
algo: sua aliança ainda estava no seu dedo. Rapidamente ela a retirou e me
entregou o mais disfarçadamente possível. Torci para que seus pais não a
tivessem notado e a guardei no bolso da calça.
O farol voltou ao verde e avancei. No
mesmo instante, meu celular começou a tocar. Tirei-o do bolso da calça e dei
para {s.n.} atender.
Não prestei atenção na conversa, estava
atento demais a estrada.
-Sua mãe disse que é para passarmos no mercado. – disse {s.n.}
-Agora que estamos chegando? Seus pais devem estar cansados da viagem.
-Mãe, pai... Se importariam se deixássemos vocês em casa e saíssemos?
-Não querida. – disse {nomedasuamãe}
Deixamos os pais de {s.n.} em casa e
seguimos para o mercado.
-Ela não queria algo do mercado, não é? – disse
-Não... Quero dizer, ela queria, mas disse que não era urgente. Você sabe por
que eu implorei que viéssemos, não sabe?
Assenti com a cabeça. Parei o carro em
uma rua qualquer e me virei para {s.n.} a esperando começar o dialogo.
-Não vai falar nada? – perguntou
-Eu estava esperando você falar. – ri
{S.n.} sorriu.
-Sinceramente, não há perigo algum. – disse suplicante
-Como não há perigo algum? O seu pai me odeia.
-Não, ele não te odeia. – discordei – Ele odeia o fato de você ter me roubado.
-Te roubado?
-Justin...
-Tá, ta... Eu sei. Eu praticamente te “seqüestrei”, mas você sabe que não foi
minha intenção. – disse com coerência – Como eu viveria sem você?
Justin deu ênfase no “você”.
-Justin, se coloque no lugar dele. Vamos tentar... Vamos tentar torná-los
amigos de novo.
-Seu pai e eu não somos amigos desde aquele jantar e tudo isso por causa de um
pedido. Antes eu ia à sua casa e passava a tarde te irritando e jogando bola com
ele.
-Isso foi há muito tempo atrás.
Abaixei a cabeça e respirei fundo.
-Tudo bem, eu vou fazer de tudo para ficarmos amigos de novo. – prometi
{S.n.} sorriu e voltamos a posição normal olhando para a frente.
-Vamos? – perguntei
-Antes temos que passar no mercado só para não desconfiarem.
-Boa...
Liguei o rádio e iniciei a partida. Eu reconheci a musica que estava tocando, e {s.n.} também.
Era a minha música.
{S.n.} me olhou esperançosa. Aumentei o volume e começos a
cantar tentando acompanhar meu amigo Ludacris.
“When I was
thirteen
I had my first love
There was nobody that compared to my baby
And nobody came to between us or could ever come
above”
Passei a cantar mais
alto que {s.n.} e fiz uma pequena alteração na letra.
“Her parents me going crazy
Oh I starstruck”
{S.n.} percebeu a modificação e deu um tapa em meu ombro. Rimos e
continuamos a cantar corretamente.
Chegamos no mercado e {s.n.} para comprar o que minha mãe havia pedido. A esperei no carro, se eu saísse, as pessoas começariam a nos perseguir e pedir para tirarmos fotos. Não é que eu não gosto, acontece que as vezes é bom ter um tempo só nosso.
Logo {s.n.} voltou com uma sacola na mão. Entrou no carro e começou a rir.
-O que foi? - perguntei
-Nada. - disse respirando fundo
Ergui a sobrancelha esquerda e disse:
-Anormal.
-Não menos que você não é Jujubinho?
-Jujubinho? - perguntei
{S.n.} começou a gargalhar novamente.
Fiquei sem entender o motivo das gargalhadas e segui o caminho.
Chegamos em casa e {s.n.} foi correndo até a porta. Entrei e fechei a porta.
O pai de {s.n.} estava assistindo um jogo de basquete.
"Amigos novamente" lembrei.
-Assistindo muito jogo? - disse e logo em seguida vi os defeitos da minha fala
"Assistindo muito jogo"? De onde você tirou isso Justin Bieber? Do fundo da vergonha? Chamou o cara de vagabundo na cara dura.
-Não que você não faça nada... quero dizer, não que seja desocupado. - hesitei - Só piorei não é?
O pai de {s.n.} riu e isso já foi uma grande vitória para mim.
-Não muitos... não ando tendo muito tempo. - concluiu